Um
mistério ronda a comunidade do Paranoá Parque, onde moram 30 mil pessoas. Desde
terça-feira (24/4), a água que sai das torneiras está escura, barrenta e
malcheirosa. O recurso está impróprio para consumo. Quem se arrisca passa
mal ou apresenta outros problemas, como queda de cabelo e manchas na pele.
De acordo com a Companhia de Saneamento Ambiental do
Distrito Federal (Caesb), amostras da água foram coletadas e serão analisadas.
Mas o laudo apontando as causas será divulgado apenas na segunda-feira (30).
Fontes da empresa, no entanto, adiantaram que o líquido está com alterações e
impróprio até para banho. O abastecimento em toda a região é feito
por meio de poços artesianos tratados em reservatório exclusivo para o
endereço.
Uma das moradoras do condomínio,
que integra a iniciativa Morar Bem, do Governo do Distrito Federal, é a
estudante Andryelle Viana, 24 anos. Ela conta ter sofrido constantemente com
náuseas, enjoos e dores de cabeça.
Segundo Andryelle, outros moradores têm
relatado queda de cabelo intensa provocada pelo estado da água. De acordo
com o prefeito do Paranoá Parque, Raimundo Portela, 47 anos, a
justificativa dada por funcionários da Caesb é de que o problema seria
consequência de complicações em obras realizadas recentemente no sistema de
esgoto do local.
Portela afirma que procurou a companhia por
diversas vezes, mas nenhuma resposta foi dada. Para consumir o recurso,
ele é obrigado a ferver o líquido obtido na região ou tem que comprar garrafas
e galões industrializados nos mercados. O prefeito se diz “revoltado com o
abandono”. “É um absurdo pagar por algo que você não pode usar. Eu pago por
água potável, não por isso aí. É um descaso muito grande e que muito nos
revolta.”
A vida do carpinteiro Gersino Gomes de Souza também
não está nada fácil. Desempregado e com dois filhos, Souza, 51 anos, precisa
comprar água mineral nas redondezas, pois não confia no líquido que chega
ao condomínio onde mora.
A água está fedendo e travando na
garganta, com um gosto muito ruim. Meu rosto começou a coçar e apareceram caroços
no corpo. Não temos como fugir do banho, mas oriento meus filhos a deixarem o
chuveiro bem quente para matar os germes. O governo precisa fazer algo"
Amostras
Outra moradora do condomínio, a dona de casa Aparecida Ferreira relatou a dificuldade de se viver com as atuais condições oferecidas no local. Ela repercute um áudio enviado por um dos síndicos do complexo, no qual é relatado o que seriam avaliações de técnicos da Caesb após colherem amostras do líquido da região.
Outra moradora do condomínio, a dona de casa Aparecida Ferreira relatou a dificuldade de se viver com as atuais condições oferecidas no local. Ela repercute um áudio enviado por um dos síndicos do complexo, no qual é relatado o que seriam avaliações de técnicos da Caesb após colherem amostras do líquido da região.
“O problema foi uma dosagem a mais no flúor
que ocorre na caixa d’água, onde é feito o tratamento. Uma falha na
regulagem dos equipamentos acarretou superdosagem”, explica o líder
comunitário, em gravação aos moradores. No áudio, ele diz que a Caesb já teria
identificado as alterações e passado a trabalhar para resolver o problema.
A resposta dada aos moradores não
convenceu Aparecida, que disse estar impossibilitada de
utilizar o líquido até mesmo para lavar roupas. “A água está com um
fedor horrível de esgoto e o cara vem me falar que é problema de flúor? É um
absurdo o que está acontecendo conosco aqui”, disse ao Metrópoles.
Minha Casa, Minha Vida
O Paranoá Parque foi o primeiro empreendimento do Distrito Federalfinanciado pelo Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional do governo federal em parceria com o governo local, no projeto chamado Morar Bem. No dia 29 de março de 2014, foram entregues as chaves dos apartamentos aos primeiros 224 residentes beneficiados pelo Morar Bem. Atualmente, são 6.240 apartamentos.
O Paranoá Parque foi o primeiro empreendimento do Distrito Federalfinanciado pelo Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional do governo federal em parceria com o governo local, no projeto chamado Morar Bem. No dia 29 de março de 2014, foram entregues as chaves dos apartamentos aos primeiros 224 residentes beneficiados pelo Morar Bem. Atualmente, são 6.240 apartamentos.
Três anos após a entrega das primeiras chaves,
o Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) fez uma
representação ao Tribunal de Contas local (TCDF), mostrando a falta de
estrutura do condomínio. De acordo com denúncia feita pela Defensoria Pública
do DF, o residencial foi erguido sem planejamento.
Por essa razão, com o aumento da população na
região, serviços essenciais – como segurança, saúde e educação – foram
afetados. Na ocasião, o Hospital Regional do Paranoá (HRPa) suspendeu parte das
atividades por não conseguir atender à demanda na área. Além
disso, conforme denúncia recebida pelo MPC-DF, havia famílias com
crianças em idade escolar sem acesso ao ensino.
“O sistema viário complicou-se no local e o
transporte público é deficitário. Para atender a ocorrências policiais, há
apenas uma delegacia. Denúncias de crimes, como tráfico e prostituição de
menores, seriam frequentes”, destacou a representação, feita em janeiro de 2017.
A reportagem é do Jornal Petrópolis e é assinada pelos jornalista CAIO BARBIERI e VICTOR FUZEIRA, Colaborou Manoela Alcântara.
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